Na verdade uma falsa falácia é um argumento correto, que tem a aparência de estar viciado na validade. Portanto, dentro das diferentes falácias estudadas podemos sempre imaginar uma situação em, apesar da aparência de não validade, estamos na presença de um argumento válido. No manual apresenta-se a situação de uma aparente falácia “ad hominem” (ataque pessoal”) que, talvez, possa ser o tipo de exemplo mais fácil de dar. Assim temos:
A Sra. X afirma que o melhor medicamento na luta contra o cancro é o “XPTO”
A Sra. X perdeu a licença da ordem dos médicos para praticar medicina.
Logo, o medicamento XPTO não é o melhor para combater o cancro.
Segundo o manual, este argumento, embora possa parecer uma falácia de ataque pessoal, é um argumento legítimo uma vez que se trata de desqualificar tecnicamente uma pessoa e daí colocar em causa a afirmação técnica que ela faz.
Por outro lado, pode, em minha opinião, levantar-se outra questão que tem a ver com o seguinte fato: a conclusão do argumento é a de que “Logo, o medicamento XPTO não é o melhor para combater o cancro.”. Será que não haverá uma diferença entre colocar em causa qualquer afirmação que a Sra. X faça como médica e o fato de o medicamento XPTO ser (ou não) o melhor medicamento contra o cancro? O Medicamento XPTO não poderá ser de fato o melhor medicamento contra o cancro independentemente da Sra. X se pronunciar acerca disso ou não? Não poderá dar-se o caso que este exemplo concreto seja mesmo uma falácia, mais pela questão da autoridade do que pelo ataque pessoal?
Atrevo-me a dizer que talvez não seja o melhor dos exemplos, mas fica a intenção de mostrar que podem existir falsas falácias.
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